segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A Cor Derradeira.


Esta é uma resenha especial do livro " A Menina que Roubava Livros ".





Ganhei "A Menina que Roubava Livros" de presente no meu aniversário. Meu amigo me disse que era um livro fantástico. Pensei que fosse mais uma daquelas obras que você lê e se sente culto. Estava cansado desse tipo literário. Resolvi, então, dar uma chance e comecei a ler o livro de Markus Zusak.

O início do livro é muito, mas muito confuso mesmo. Tive que reler os capítulos - ou tópicos - do prólogo umas duas vezes para enfim assimilar o que a narradora - a Dona Morte - estava querendo dizer. Achei que o livro iria permanecer naquela linguagem conotativa e surreal, levando o abstrato ao extremo e dando dor de cabeça. Porém, não foi isso o que aconteceu.

Já no primeiro capítulo pós-prólogo, somos apresentados a uma história consistente e real, desaproximando-se do uso abstrato da narrativa anterior. Somos apresentados brevemente a Liesel, a personagem principal que recebe a alcunha do título do livro, e ao mundo em que ela está sendo inserida.

Adorei a forma como a Morte narra a história, colocando-se muitas vezes de forma impessoal, e algumas vezes fazendo-se presente em suas próprias ações. Suas observações sarcásticas e cômicas são uma forma prazerosa de divertimento. Além de tudo, a forma escolhida de narração foi totalmente inovadora e surpreendente.

Um aspecto curioso dessa obra é que ela não é uma obra que trata da Segunda Guerra Mundial de forma fria e sanguinária. A maioria dos leitores já cansou de ler livros sobre o tema. Até por que, as crueldades de Hitler contra o povo judeu foi tema de milhares e milhares de obras pelo mundo. Mas o que chama atenção nesse livro especificamente é a forma como ele estampa a guerra. Não é um confronto violento, com vidas humanas sendo destroçadas e levadas embora. A visão da guerra é muito infantil. E isso não é um erro. Por que uso "infantil" nesse sentido como um sinônimo de "singela".

É exatamente isso que a obra representa. O caráter singelo de um episódio marcado por tragédias. Mas antes de mais nada, não esqueçamos da heroína da obra. Liesel, inocente e corajosa, provou ter poderes sobre-humanos ao utilizar da maior armas de todas para penetrar na barreira fortemente erguida entre o coração das pessoas e o meio em que vivem e com quem se relacionam. Liesel utilizou de palavras. Palavras que curam, que sangram, que vivem, que morrem. Palavras que dão esperança, prenunciam a desgraça, trazem solidão, carregam um aconchego doce e suave... E muitas outras palavras.





No fim, tudo se resume a isso:

A cor derradeira.
O vermelho do sangue daquele judeu escondido no porão.
O branco do rosto pálido daquele tocador de acordeão.
O preto impregnando a pele daquele menino que se dizia Jesse Owens.
O sofrimento daquela que leu, e entendeu, todas as cores.



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